segunda-feira, 6 de julho de 2009

Idade Média (parte 5) - As cruzadas


Jerusalém é até hoje uma cidade sagrada para os cristãos, pois foi lá que Jesus foi morto na cruz. Desde a Idade Média, muitos cristãos para lá peregrinavam por motivos religiosos, mas em 1071 a Palestina foi dominada por turcos seljúcidas, que passaram a perseguir os cristãos. Diante disso, o papa Urbano II convocou, em 1095, toda cristandade a lutar contra os muçulmanos e retomar o controle da Terra Santa.



Milhares de cavaleiros, soldados e trabalhadores de apoio rumaram para o Oriente Médio atendendo ao apelo do papa. Muitos deles iam por acreditarem na promessa do papa de que, quem participasse do esforço contra os "infiéis" seria recompensado com o paraíso após a morte. Isso significava que, mesmo se a pessoa tivesse feito tudo o que o cristianismo considera pecado - assassinato, roubo, etc. - ela automaticamente seria perdoada, o que atraiu a atenção de muita gente em uma época que a religiosidade era levada ao pé da letra por quase toda a sociedade e a palavra do papa era sagrada. Outro motivo pelo qual muitos homens marcharam contra os muçulmanos era a falta de perspectivas na Europa, já que a sociedade era rigidamente estabelecida, sem chances de um camponês melhorar de vida com seu trabalho.

Por conta das vestimentas dos cavaleiros, que sempre ostentavam o símbolo cristão da cruz, essas campanhas foram chamadas de Cruzadas, e seus participantes, cruzados. A primeira cruzada foi vitoriosa, e trouxe Jerusalém de volta para o controle cristão. Entretanto, os cristãos foram expulsos da Terra Santa em 1187 por Saladino, grande líder árabe, e nunca mais conseguiram retomar o controle. Posteriormente houve várias cruzadas até o século XIII, todas elas derrotadas pelas forças muçulmanas.


Mapa mostrando as quatro primeiras cruzadas. A primeira é a linha marrom escura, repare que ela parte de diversoso pontos diferentes e alcança Jerusalém, enquanto as outras não.



Uma destas cruzadas tem uma história muito triste. Como os cristãos não conseguiam mais vencer, eles chegaram à conclusão que era um castigo de Deus por causa de seus pecados. A solução encontrada foi enviar crianças. livres de pecados, para retomar a Terra Santa! O resultado deste absurdo é óbvio: cerca de 50 mil crianças morreram ou foram vendidas como escravos.

Apesar de não terem conseguido cumprir seu objetivo principal, as cruzadas foram responsáveis pela retomada do controle de rotas marítimas no mar Mediterrâneo, que há séculos eram dominadas por embarcações árabes. Assim, o comércio dos europeus ganhou novo fôlego. Além disso, os europeus entraram em contato com o conhecimento árabe, muito desenvolvido em áreas como a matemática e a medicina.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Árabes e Islamismo

Árabe é o povo que se origina da Península Arábica. Islamismo (ou Islã) é uma religião monoteísta que surgiu na Panínsula Arábica. Muçulmano é quem segue o Islã. Entretanto, nem todo pessoa árabe é muçulmana, e nem todo muçulmano é árabe.

Islã significa "submissão (a Deus)", enquanto muçulmano vem da palavra árabe "muslin", "aquele que se submete".

No século VII, a Peninsula Arábica, local predominantemente desértico, era habitada por grupos nômades dispersos. Constantement eles guerreavam entre si pelo controle dos oásis (áreas férteis no meio do deserto), e seguiam diversas religiões. Por viverem numa terra pouco fértil, os árabes se especializaram no comércio, sendo até hoje uma tradição daquele povo.

Delícias da culinária árabe.

Nesse contexto viveu Maomé (ou Muhammad), um condutor de caravanas que fundou o Islã. Os muçulmanos aceitam a existência de outros profetas como Adão, Noé, Moisés e Jesus, mas para eles Maomé foi o último e o mais importante.

Segundo a tradição muçulmana, Maomé teria recebido do anjo Gabriel a tarefa de ser o mensageiro de Alá (Deus) durante uma meditação nas montanhas, e a partir de então passou a converter os árabes para a nova religião. O problema é que os ricos comerciantes de Meca (principal cidade da Arábia) lucravam com as pessoas que peregrinavam até lá para cultuar os deuses locais, e por isso ficaram preocupados com o culto a um único Deus e passaram a perseguir Maomé. Diante disso, o profeta saiu de Meca e se estabeleceu em Medina em 622. Essa mudança é conhecida como Hégira, e marca o ano 1 do calendário muçulmano.


Miniatura de um soldado árabe.

Aos poucos Maomé conseguiu mais seguidores para sua causa, que propagaram a nova religião através da jihad, o que se pode traduzir como "guerra santa" ou "esforço" para converter outros povos. Quando conquistou Meca, Maomé ordenou que fossem destruídas todas as imagens de deuses, mas manteve a caaba, uma pedra negra que até hoje recebe visitas de fiéis muçulmanos de todo o planeta.

A Caaba em época de peregrinação.

Quando Maomé morreu, em 632, os árabes haviam superado muitas de suas rivalidades, encontrando na fé um forte ponto de união. A liderança dos muçulmanos ficou com os califas ("sucessores", em árabe), que conquistaram novos povos através da jihad. O Islã então chegou a terras distantes, e o sucesso dessa conquista pode ser explicado pela crença de que aquele que morresse lutando ganharia o paraíso e pelo interesse em expandir o comércio. Em 750, pouco mais de 100 anos depois da morte de Maomé, o Islã já alcançava a Ásia, a África e a Europa, onde gerou conflitos com os cristãos.


Expansão do Islã.


O livro sagrado dos muçulmanos é o Corão, conjunto de escritos de Maomé reunidos após sua morte. Os muçulmanos seguem cinco preceitos básicos:

- crer em um só Deus (Alá) e seguir os ensinamentos de Maomé, seu mensageiro;
- orar cinco vezes ao dia com o rosto voltado para Meca;
- jejuar durante os trinta dias do Ramadã (mês do jejum), abstendo-se de comida e água do nascer ao pôr-do-sol;
- dar esmolas proporcionais aos bens que possui.
ir a Meca ao menos uma vez na vida.

Além disso, os muçulmanos não devem ingerir carne de porco e bebidas alcoólicas, e não podem representar Alá ou Maomé em imagens.


Mulheres e homens muçulmanos orando.


Os árabes contribuíram muito para o conhecimento humano. Foram eles, por exemplo, que divulgaram os algarismos indo-arábicos (1, 2, 3...), trazidos da Índia, criaram o número zero, trouxeram da China invenções como a bússula, a pólvora e o papel e desenvolveram bastante a medicina, descobrindo os meios de contágio e as causas de várisa doenças.

Agora, o que vocês tanto esperam: questões! Como as anteriores foram bem simples, essas vão dar bastante trabalho.

1 - Faça uma lista com 10 países que têm como religião oficial o Islã, indicando sua língua oficial e continente onde se localiza.

Ex: Arábia Saudita - língua árabe - localizada na Ásia.

2 - Qual o país islâmico mais populoso do mundo?

3 - Qual a quantidade aproximada de muçulmanos no mundo?

4 - Qual a quantidade aproximada de muçulmanos no Brasil?

5- Por que a cidade de Jerusalém é considerada sagrada para os muçulmanos?


Todos que responderem corretamente pelo menos 3 questões ganharão 0,5 ponto no bimestre. Resultado em uma semana.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Prova do segundo bimestre

Foi marcada nossa provinha do segundo bimestre: será no dia 07 de julho. Abaixo segue a matéria:

- Cristianismo e cruzadas (capítulo 6);
- Comércio, cidades e rebeliões (capítulo 7);
- Fortalecimento do poder dos reis nas monarquias européias (capítulo 8);
- África negra: o Império do Mali e o Reino do Kongo (capítulo 10).

Na semana que vem terminaremos a matéria, e até a prova faremos exercícios de revisão, posto que não será permitida a consulta no momento da prova. Resolvi tirar o capítulo de China medieval para não ficar muita matéria, por isso não tem desculpa: estudem!

sábado, 6 de junho de 2009

Idade Média (parte 4) - Feudalismo

Como vimos anteriormente, as sucessivas invasões de vikings, sarracenos e outros povos entre os séculos VIII e IX, fragmentaram ainda mais o que um dia foi o Império Romano do Ocidente. Os reis tinham que manter guerreiros para defender suas fronteiras, e como pagamento cediam-lhes o direito de utilizar terras, moinhos, pontes e outras áreas de interesse econômico. Estas doações eram chamadas feudos, e o modo como a sociedade na Europa passou a se organizar na Idade Média foi denominado feudalismo.

O rei teve que ceder cada vez mais feudos para os que reuniam exércitos para lhe ajudar, e com isso perdia cada vez mais poder, até que se chegou a um ponto em que ele era, na prática, mais um entre tantos senhores feudais. Este processo tomou força após a morte de Carlos Magno e a decadência do Império Carolíngio, último momento de centralização do poderna Idade Média.


Exemplos de fortificações da Idade Média

A pessoa que cedia o feudo era chamada de suserano, enquanto quem recebia era o vassalo. O vassalo jurava fidelidade a seu suserano e auxílio em caso de guerras. Um vassalo podia ceder parte de seus domínios a outro vassalo, e assim tornava-se suserano deste, mas continuava vassalo de seu suserano.


Armas para invadir castelos

Com receio das invasões, o povo fugia das cidades e buscava refúgio nos feudos protegidos por muralhas. Como forma de pagamento, trabalhavam como servos para os senhores feudais, e deviam diversas obrigações, como a corvéia (trabalho nas terras do senhor), a talha (entrega de parte da produção para o senhor) e as banalidades (pagamento pelo uso de instrumentos e bens do feudo, como o moinho), além do dízimo para a igreja... Os camponeses não tinham a terra como propriedade e eram obrigados atrabalhar para o senhor, mas não eram escravos, pois não podiam ser vendidos. Enquanto isso, os senhores feudais não trabalhavam, pois sua função na sociedade era defender o povo, lutando contra os invasores. Aliás, só mesmo os mais ricos tinham condições de ter armamentos e armaduras de metal, que eram muito caros.

Armaduras medievais


A outra parte da sociedade era o clero, que representava as pessoas ligadas à igreja. Cada uma desses três grupos tinha uma função na sociedade: o clero orava, pois acreditava-se que se não houvesse ninguém para dedicar suas vidas neste sentido, o mal dominaria o mundo; a nobreza lutava para defender os cristãos dos invasores infiéis; e os servos trabalhavam para sustentar a todos. Uma parcela à parte era a dos mercadores, que se arriscavam nas perigosas estradas. Este trabalho era tão arriscado que poucos o faziam, e cada feudo geralmente só tinha oportunidade de receber produtos externos poucas vezes por ano (às vezes até menos), e por isso tinham que produzir quase tudo que precisavam. Por isso diz-se que os feudos eram auto-suficientes.


E um detalhe final: o feudalismo variou bastante de acordo com as regiões e épocas na Europa. Não podemos afirmar que existiu da mesma forma na França, na Itália ou na Rússia, por exemplo.

sábado, 23 de maio de 2009

Idade Média (parte 3) - Império Bizantino

Enquanto o Império Romano do Ocidente foi destruído e se fragmentou, o Império Romano do Oriente manteve-se centralizado, dando origem ao Império Bizantino, com sua capital em Constantinopla. O Império Bizantino era autocrático (com poder ilimitado e independente) e teocrático (o rei era um representante de Deus na Terra).


Exemplos de arte bizantina

O Império Bizantino era cristão, mas os imperadores não aceitavam a autoridade do papa de Roma nem alguns costumes e crenças da Igreja do Ocidente, como a existência do purgatório. Em 1054, ocorreu o “Grande Cisma”, quando a Igreja se separou: no Oriente, surgiu a Igreja Ortodoxa, enquanto no Ocidente permanecia a Igreja Católica.


Constantino Paleólogo, o último imperador bizantino

O Império Bizantino teve fim em 1453, quando sua capital Constantinopla foi dominada pelos turcos e passou a se chamar Istambul, nome que conserva até hoje. Atualmente Istambul faz parte da Turquia, e é uma cidade muito bonita que recebe milhões de turistas por ano. Suas principais atrações são a Basílica de Santa Sofia, o Palácio de Topkapi e os incontáveis bazares e mercados que vendem de tudo. Visitar esta cidade é um sonho que um dia eu vou realizar.



Fotos de Istambul hoje em dia.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vikings - dicas divertidas

Os vikings já foram representados de várias formas no mundo do entretenimento e da arte: óperas, livros, filmes, músicas, etc. Entretanto, os vikings mais famosos foram (e são) publicados em quadrinhos. vamos começar falando do Hagar, você o conhece?

Ele é o que todo homem moderno gostaria de ser mas tem vergonha: sujo, gordo, grosseiro, preguiçoso, machista, estúpido. Ele é viking, e suas maiores preocupações são pilhar, invadir castelos e beber cerveja. Todas as suas características podem ser abominadas hoje em dia, mas uma coisa ninguém pode negar: ele tem um grande coração e alegra diariamente a vida de milhões de pessoas em todo o planeta. Ele é Hagar, o Horrível!

Hagar, o Horrível.

Criado pelo novaiorquino Dik Browne (1917-1989), o viking mais famoso do mundo encanta espíritos jovens desde 1973 em diversos jornais espalhados pelo mundo - inclusive no Brasil. Ao lado de Eddie, o sortudo, Hagar enfrenta diversas aventuras e situações inusitadas para aplacar sua natureza guerreira e sustentar sua família: Helga, a esposa dedicada e mal humorada (não sem motivos, o machão é do tipo que não lava um copo d'água), a filha adolescente Honi (e todos as dores de cabeça que uma bela filha adolescente dão a um homem), o filho Hamlet (um cdf que é a antítese perfeita do pai, daí um choque freqüente de gerações) e Snert, o cão. Dizem que Dik Browne se inspirou em si mesmo para criar Hagar: ele também era gordo e barbudo, como você pode ver na foto abaixo.

Dik Browne

Como se trata de uma série de tiras de jornal voltadas para o humor, é obvio que não faria sentido apresentar um personagem historicamente fiel à realidade, e muitas de suas características são estilizadas, a começar pelos chifres no capacete - os vikings nunca usaram chifres, isso foi inventado em uma ópera do século XIX, e a partir daí ficou no imaginário popular. Porém, a particularidade mais interessante das tiras de Hagar é a inserção de aspectos da vida moderna no contexto viking, uma sátira aos problemas do dia-a-dia, e a relação homem x mulher.

Após o falecimento de Dik Browne, a série foi continuada por seu filho, Chris Browne, que escreve e desenha a vida de Hagar até hoje. No Brasil, Hagar é publicado diariamente no jornal O Globo, mas também são lançadas coletâneas das estórias em livros pequenos e baratos, pela editora LP&M, em qualquer livraria.

Chris Browne

Para quem quer conhecer mais tiras de Hagar, uma boa é dica é o blog brasileiro de tiras do personagem, que você pode acessar aqui.


Outro personagem famoso baseado nos vikings é o Thor. Na mitologia nórdica, ele é o deus do trovão, filho de Odin, e foi transportado para os quadrinhos pela Marvel Comics, a mesma editora do Homem-Aranha, Hulk, X-Men, e outros super-heróis (inclusive ele já quebrou o pau com o Hulk diversas vezes, imaginem como é poderoso esse cara!). Suas estórias podem ser encontradas em revistas nas bancas ou em sebos (revistas Superaventuras Marvel). Thor faz parte de um grupo de super-heróis chamado Vingadores, e em suas estórias aparecem também muitos outros deuses da mitologia nórdica, como seu irmão e inimigo Loki, o deus da mentira.

Loki, o eterno inimigo de Thor

Um filme sobre Thor está previsto para 2011, com o ator sueco Alexander Skarsgård no papel principal. O filme vai ser no mesmo estilo de Homem-Aranha, X-Men, Homem-de-Ferro e Wolverine, tomara que seja bom!

Este bonitão vai ser o Thor no cinema. Até que se parecem, não?

Para quem quiser saber mais sobre o deus do trovão, procure aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Decoberta nova espécie humana

Vocês ainda lembram da matéria do ano passado sobre a origem do ser humano? Vimos que, no processo de evolução, surgiram muitas espécies parecidas com a nossa antes de surgirmos na Terra. Parece que os cientistas encontraram mais uma, olhem a notícia que saiu no jornal O Globo de ontem:



Estudo revela uma espécie humana totalmente nova

LONDRES - Em estudo publicado na edição de quarta-feira da revista "Nature", cientistas apresentaram novos indícios de que os ossos do chamado "Homem de Flores" encontrados na Indonésia pertencem, de fato, a uma nova espécie humana - e não a pigmeus modernos, como se chegou a especular. Os pés excessivamente longos foram um dos novos indícios.

Medindo cerca de um metro de altura e pesando em média 30 quilos, esses humanos viveram na ilha indonésia de Flores até 8 mil anos atrás. Desde a descoberta dos ossos do oficialmente designado Homo floresiensis, em 2004, pesquisadores têm debatido sua verdadeira identidade. O único crânio encontrado abrigaria um cérebro não muito maior que o de um chimpanzé. Chegou-se a especular que se trataria de um pigmeu com deformidades genéticas.

Agora, o exame detalhado de seus membros inferiores, em especial do praticamente completo pé esquerdo, revelou que a espécie andava bem ereta, como outros hominídeos conhecidos. Também tinha cinco dedos, mas o dedão era mais parecido com o de um chimpanzé.

O mais estranho era o tamanho do pé, quase 20 centímetros, totalmente desproporcional às pernas, que lembra a fisiologia de alguns grandes macacos africanos e nunca foi vista em hominídeos. O pé também se revelou chato, o que o impedia de correr.



Compração entre o crânio do Homo floresiensis e o nosso.

Crânio do Homo floresiensis em detalhe.

E para não perder o hábito, perguntinhas: Qual o nome da nossa espécie? Qual o nome da última espécie antes da nossa (que coexistiu conosco na Terra)? E por que ela tem esse nome?

Quem responder às 3 perguntas corretamente até segunda-feira vai ganhar 0,5 ponto no segundo bimestre. Não importa quem responder antes ou depois, todos que acertarem ganharão.